Visibilidades e dizibilidades sertanejas: a representação de sujeitos plurais na mídia em diálogo com a literatura
Palavras-chave:
Sertanejo, Nordeste, Jornalismo, Literatura, Formação imagináriaResumo
Este artigo investiga, por meio da Análise de Discurso de linha francesa, formações imaginárias e discursivas em produtos jornalísticos e literários aqui compilados. A problemática central explorada reside no entendimento de que a mídia possui papel ativo, embora não exclusivo, na criação do “discurso da seca”, sendo uma das responsáveis por encerrar o nordestino (no restritivo singular) em um conjunto de falas e imagens já conhecidas. Também a literatura é importante agente deste processo. Embora o paradigma da objetividade ainda seja aludido pela imprensa, com recorrente argumento de que tal fazer é completamente distinto do fazer ficcional, os profissionais não deixam de operar construções. O, por isso, instigante diálogo entre mídia e literatura é o ponto de partida para a constituição do corpus de pesquisa. Personagens de Raquel de Queiroz, Ariano Suassuna e Euclides da Cunha são os guias na busca por homens e mulheres reais que discursivamente ora se aproximam ora se distanciam do retirante Chico Bento, do amarelo astuto João Grilo e do “forte”, porém “desgracioso, desengonçado e torto” (nas palavras de Euclides) morador do sertão. Conclui-se neste breve estudo que, apesar do encarceramento muitas vezes promovido, o jornalismo é capaz de fomentar novas visibilidades e dizibilidades (ALBUQUERQUE JR., 1994) de sujeitos plurais.